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EEB (Doença da Vaca Louca)

Postado em 27/02/2023 às 14h44 | Por Assessoria de Comunicação CDA

Saiba um pouco mais sobre a doença que pode ser confirmada no Estado do Pará

A Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB), popularmente conhecida como “doença da vaca louca”, é uma enfermidade degenerativa crônica que afeta o sistema nervoso central dos bovinos, sendo que na sua forma clássica é transmissível aos seres humanos por meio da ingestão da carne do animal acometido. Trata-se de uma doença fatal que não possui tratamento e nem diagnóstico no animal vivo, podendo ser confirmada somente após a morte por meio da análise do material encefálico.

A enfermidade clássica ocorre pelo acúmulo de uma proteína infecciosa, denominada príon, decorrente da modificação de uma proteína normal presente no sistema nervoso dos bovinos, essa mutação está relacionada à ingestão de alimentos contaminados com o príon. Sendo este resistente às enzimas proteases, aos desinfetantes comuns e às altas temperaturas, sendo necessário que as indústrias processem corretamente o material de origem bovina, principalmente na produção da farinha de carne e ossos (FCO), em temperatura mínima de 133°C, por um período mínimo de 20 minutos e a uma pressão absoluta de 3 bar, processo hoje obrigatório na produção de FCO. No Brasil o uso desta farinha e de qualquer outro produto que possa conter proteína de origem animal, é proibido na alimentação dos bovinos e outros ruminantes, incluindo a cama de aviário que também pode apresentar proteína de origem animal residual da alimentação dos frangos.

Proteína normal e Proteína infecciosa

Além da forma clássica da EEB existe a forma atípica que acontece devido à ocorrência de uma mutação espontânea da proteína normal, sem estar relacionada à ingestão de alimento contaminado. Porém a EEB atípica é esporádica e acomete animais mais velhos, normalmente acima de 10 anos. Os sinais clínicos são comuns às duas formas de EEB, podendo apresentar alterações comportamentais, do temperamento, da sensibilidade e da locomoção.

Atualmente, o diagnóstico diferencial da forma clássica e da atípica é realizado em um laboratório no Canadá utilizando o método de Western Blotting, capaz de identificar qual príon está presente no material encefálico, já que o peso molecular deles é diferente.

No Brasil, até hoje, foram confirmados cinco casos de EEB atípica e nenhum caso de EEB clássica e atualmente, um caso suspeito no Estado do Pará (PA) está em investigação e material para análise foi encaminhado ao laboratório no Canadá. Apesar disso o país possui o “status” de risco insignificante para a enfermidade, segundo a Organização Mundial da Saúde Animal (OMSA), e para mantê-lo é necessária a existência de uma forte política de prevenção e vigilância, executada por uma parceria entre Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), órgãos estaduais de defesa sanitária animal (no Estado de São Paulo pela Coordenadoria de Defesa Agropecuária) e o setor produtivo.

Para a manutenção do status sanitário e devido à complexidade da epidemiologia da EEB, além da proibição do uso de produtos de origem animal na alimentação de ruminantes ainda há o controle da importação de animais, de produtos e subprodutos de origem animal, a vigilância da doença, e as medidas de mitigação de risco: processamento em resíduos de ruminantes, esterilização de FCO e remoção do material de risco (MRE) nos frigoríficos.

Considera-se MRE de acordo com ofício circular nº 18/2020/CGI/DIPOA/DAS, tonsilas e íleo distal para ruminantes de qualquer idade, olhos, encéfalo e medula espinhal para bovinos e bubalinos acima de 30 meses e ovinos e caprinos acima de 12 meses.

Indicação dos Materiais Especificados de Risco (MRE)

A vigilância da EEB deve ser constante, pois sua presença pode impactar drasticamente na pecuária em países onde a produção e a exportação de carne bovina são expressivas, como no caso do Brasil. Por isso é dever de todos que participam desse grande elo manterem a vigilância, entretanto o produtor possui papel fundamental, devendo: nunca alimentar os ruminantes com produtos de origem animal, como a cama de aviário, resíduos da exploração de suínos, farinhas de carne e ossos; armazenar de maneira segura esses produtos de risco na propriedade rural, não utilizar na alimentação de ruminantes produtos de origem desconhecida, sem registro no MAPA; se notar um animal apresentando algum sinal de doença nervosa, como alteração do comportamento, dificuldades de locomoção, paralisia, andar cambaleante, entre outros, avisar a unidade de Defesa Agropecuária mais próxima.

Por Ana Cláudia Conte Dune

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