Huanglongbing HLB, greening dos citros
Postado em 31/10/2023 às 10h11 | Por Assessoria de Comunicação CDAConstante desafio para a citricultura paulista
Desde seu aparecimento no país em 2004, o Huanglongbing (HLB) ou “greening” tem sido foco de programas brasileiros de sanidade dos citros devido seu potencial de dano fitossanitário, social e econômico e por sua facilidade de dispersão, que é atrelada a um inseto vetor, que garante sua dispersão não só dentro, mas também fora dos pomares.
No Brasil, a ocorrência do “greening”, atualmente, está restrita aos estados de Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná, Santa Catarina e São Paulo (onde surgiu), sendo causada pela praga quarentenária presente (PQP) Candidatus liberibacter americanus e Candidatus liberibacter asiaticus. Esta bactéria tem como hospedeiras as espécies de Citrus, Fortunella e Poncirus, além da planta ornamental Murraya paniculata, também conhecida como murta-de-cheiro e sua disseminação, a curta e a longas distâncias, ocorre pelo inseto Diaphorina citri, que a partir da sucção de seiva em planta contaminada se torna infectivo e, ao se alimentar em planta sadia transmite a bactéria causando a doença.
Alguns dos sintomas clássicos do “greening”, e que são utilizados no diagnóstico da doença, é a presença de ramos com folhas amareladas, as quais podem apresentar um mosqueado assimétrico, quando comparadas às duas metades da folha, frutos assimétricos e abortamento de sementes.
Desde 2005, por meio da Coordenadoria de Defesa Agropecuária (CDA), o estado de São Paulo realiza ações de combate ao “greening”, com base em aspectos legais normatizados pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA). Estas ações não impediram o avanço da doença, mas possibilitou que diversos avanços científicos e de entendimento epidemiológicos fossem alcançados, além, principalmente, de assegurar a manutenção do parque citrícola, que apesar de ter sofrido impactantes danos continua sendo o de maior expressividade mundial.
Recentemente, dados de levantamento realizado pelo Fundo de Defesa da Citricultura (Fundecitrus), mostrou relevante aumento do “greening” em São Paulo, inclusive em regiões onde a doença se mostrava incipiente, como é o caso do noroeste paulista.
Como já relatado, as ações de combate ao “greening” ocorrem desde sua constatação. De lá pra cá várias atividades foram se somando com vistas a fortalecer a adesão da sociedade, frente à gravidade do problema, pela sustentabilidade da citricultura e contra a bactéria e seu inseto vetor.
As legislações foram se aperfeiçando, sendo editadas em 2005, 2006, 2008 e 2021 evolutivamente com o cenário enfrentado, tanto que em 2021, com a instituição do “Programa Nacional de Prevenção e Controle à doença denominada Huanglongbing (HLB) - (PNCHLB)” foi disponibilizado um mecanismo legal, que possibilitou que os estados com a ocorrência do “greening” legislassem complementarmente sobre o assunto e com base em aspectos regionais.
Neste ínterim, programas de conscientização foram criados, como é o caso do “#Unidos Contra o Greening”, do Fundecitrus; estratégias de manejo regional e monitoramento do inseto vetor foram criados; sistemas de alerta foram implementados; a substituição de plantas de citros com manejo insuficiente em áreas não comerciais, por outras frutíferas foi incentivada, foram realizadas liberações do inimigo natural do psilídeo (Tamarixia radiata), tudo isso sem abandonar as pesquisas básicas sobre a doença e o vetor. No entanto, com o novo cenário de avanço da doença, as estratégias precisaram ser realinhadas.
Em 2021 a Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, por meio da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (CATI) e da CDA firmou um Protocolo de Intenções com o Fundecitrus, com período de vigência de 05 (cinco) anos, com o objetivo de implementação, mediante a conjugação de esforços, de programas, projetos e ações voltados à promoção do desenvolvimento sustentável da citricultura. Deste Protocolo surgiu o “Projeto Citrus SP Sustentável”, que em seus dois anos de atuação promoveu treinamentos, palestras e ações de defesa com grande foco na proteção dos materiais de propagação de citros, base para o estabelecimento de pomares sustentáveis. Ainda, no âmbito deste projeto o incentivo à substituição de plantas de citros e murtas em áreas não comerciais, por outras frutíferas, realizada fortemente pela iniciativa privada, teve o suporte da iniciativa pública, por meio da campanha “Plante Essa Ideia”.
Em âmbito federal, o MAPA identificou a necessidade de revisão de dispositivos da atual Portaria SDA 317, de 21/05/2021, que instituiu o PNCHLB visando evitar interpretações errôneas e viabilizar a implementação do programa. A minuta de nova portaria foi submetida à consulta pública, por meio da Portaria SDA 661, de 28/09/2022 e mais recentemente, considerando a condição do avanço do “greening”, no estado de São Paulo, conforme demonstrado pelo levantamento do Fundecitrus, retornou aos órgãos de Defesa Agropecuária dos estados com ocorrência da praga, para revisão da aplicabilidade da nova proposta.
Integrado o Setor Produtivo com a Administração Pública Estadual foram discutidos pontos cruciais a serem adotados, como a de um programa estadual de comunicação e conscientização; de ações em pomares abandonados; de auxílio a pequenos produtores; de orientação e fiscalização com foco no inseto vetor; da regionalização de estratégias de controle e fortalecimento da pesquisa. Visto isso foi provocada uma reunião com o Governador do Estado de São Paulo, a qual ocorreu no dia 16/10/2023. Nesta reunião, além da exposição da problemática do “greening” e dos pontos já referenciados, entre outros, oportunizou que o Centro de Citricultura “Sylvio Moreira” (CCSM), do Instituto Agronômico de Campinas (IAC) explanasse as pesquisas estatais que vinham sendo desenvolvidas para o combate à praga e ao controle da doença. Preliminarmente, o Governador anunciou a criação de um comitê intersecretarial para elaboração de um plano de controle e prevenção do “greening”.
Por último a CDA lançou um formulário para que os produtores denunciem pomares de citros em condição de abandono, com vistas a direcionar e otimizar a fiscalização e o controle da doença.
Como visto, várias estratégias estão sendo aprimoradas, criadas, aplicadas, com uma adesão cada vez maior dos elos da cadeia produtiva dos citros mostrando que esta “guerra” contra o “greening” só tem um ganhador, a citricultura nacional.
Por Luciano Melo e Maurício Rotundo