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Huanglongbing HLB - 20 anos - 2010-2014

Postado em 28/05/2024 às 08h48 | Por Assessoria de Comunicação CDA

Vamos relembrar o cenário da doença na primeira metade da década passada

Desde 2004 com seu aparecimento no Brasil, o Huanglongbing – HLB “Greening” tem demandado esforços de todo setor produtivo, dos órgãos de pesquisa e de defesa agropecuária para o seu controle.

Nos idos dos anos 2000 as ações foram fortemente concentradas na erradicação da praga. A massiva erradicação de plantas sintomáticas e contaminadas de citros, tirando o fato deletério de descapitalização de citricultores e redução da área com a cultura foi, ao mesmo tempo, necessária a sustentabilidade da atividade. Este contrassenso gerou tempo para o avanço nas pesquisas e no entendimento epidemiológico da doença e do inseto vetor.

A então vigente IN MAPA 53, de 16/10/2008, a qual viria a ser revogada só em 2021, era a base legal utilizada pelas UF para o combate ao greening. A norma focava na produção de mudas em ambiente protegido, na erradicação de plantas sintomáticas e contaminadas e obrigava o produtor a realizar a inspeção dos seus pomares.

Com o término do convênio na área de fitossanidade entre a Secretaria de Agricultura e Abastecimento (SAA/SP) e o Fundo de Defesa da Citricultura (FUNDECITRUS), a erradicação de plantas, que era realizada pelo estado, caso o produtor não o fizesse ficou escassa e a aplicação da IN MAPA 53 em sua plenitude foi perdendo força.

No entanto a Coordenadoria de Defesa Agropecuária (CDA) permanecia à campo averiguando as informações prestadas pelo produtor nos relatórios semestrais, de cunho obrigatório, e sanando possíveis irregularidades ao não cumprimento da lei.

No fechamento do relatório semestral do 2º semestre de 2009, o qual foi realizado em fevereiro de 2010 já se observava um aumento na apresentação dos relatórios pelo produtor e sinalizava a erradicação de 3 (três) milhões de plantas entre 01/07/2009 e 31/12/2009. Em 2008, o número de plantas erradicadas consistia em cerca de 1,5 milhões. Estes números representam qual agressivo é o greening, mas também reflete o comprometimento do produtor ao combate da doença.

Ainda em 2010 aventou-se um novo convênio entre a SAA e o Fundecitrus cujo foco se constituiria em ações de pesquisa e educação sanitária.

Preocupado com a permanência do produtor na atividade citrícola e com vistas a minimizar os prejuízos ocasionados em decorrência da erradicação de plantas de citros, tanto por greening, quanto por cancro cítrico, a SAA lançou o “Programa de Seguro Sanitário de Citros”. De adesão voluntária, o parâmetro utilizado para avaliação do direito ao seguro eram os dados dos relatórios de inspeção a partir do 1° semestre de 2010. Como proposta o programa atingiria 90% dos pequenos e médios citricultores beneficiando àqueles que possuíssem até 20 mil árvores, sendo indenizados R$ 4,00 por pé erradicado com greening, até o limite de 3% do total de pés da propriedade.

O incentivo ofertado, uma maior conscientização e a adoção de boas práticas pelos produtores refletiram nos dados de fechamento do relatório de inspeção relativo ao 2º semestre de 2010, os quais apontaram uma redução de 50% no número de plantas eliminadas, o qual retornou ao patamar de 1,6 milhões. A adesão à entrega do relatório foi superior a 90%. O seguro acabou sendo descontinuado.


Revista Fundecitrus set-dez 2012

Dados do relatório de inspeção relativos ao 1º semestre de 2011 mostravam uma maior adesão do citricultor, com 91,82% de documentos entregues, possivelmente pela disponibilização de entrega do relatório em formato on-line. No entanto, as informações apresentadas apontavam em um aumento na erradicação, sendo computado um total de 2,24 milhões de plantas. No segundo semestre deste mesmo ano o número de plantas erradicadas havia aumentado para 2,9 milhões reacendendo o alerta.

No ano de 2012, o convênio outrora anunciado entre a SAA e o FUNDECITRUS foi assinado mantendo-se o propósito inicial de educação sanitária, além da realização de levantamento amostrais para verificação da condição fitossanitária dos pomares. O mesmo acabou também sendo descontinuado. Vale ressaltar que FUNDECITRUS desde 2010 estava promovendo dias de campo pelo estado, onde além de enfatizar o manejo de doenças, principalmente o greening, focava na tecnologia de aplicação, atitude extremamente válida, pois o sucesso do controle do cancro cítrico e do inseto vetor do greening passam pela aplicação de agrotóxicos.

O aumento da incidência do greening era patente e estava intimamente relacionado a aspectos inerentes ao inseto vetor. Tanto, que mais tarde, com a evolução da base legal este seria objeto de regulamentação.

No ano de 2012, o total de plantas erradicadas pela doença já ultrapassava àquele número observado em 2009 chegando a 4 (quatro) milhões de plantas, com o incremento nas regiões de Limeira, Ribeirão Preto, Jaboticabal, Araraquara, São João da Boa Vista, Mogi Mirim e Bauru.

A partir de 2013, mesmo com uma maior adesão do produtor ao relatório semestral observou-se uma diminuição do número de plantas erradicadas devido à ocorrência do greening.

A atenção do FUNDECITRUS ainda era dividida com o cancro cítrico que também aumentava sua incidência nos pomares paulistas. Na pesquisa em 2013, o CTNBio aprovava normas para pesquisa com laranjeiras transgênicas no campo e estudo propunha mudança na inspeção do HLB com o uso de plataformas acopladas a tratores, o que elevaria a qualidade das inspeções.

Menção especial também a mortalidade de abelhas, inseto que começava a despertar atenção do meio cientifico e autoridades devido ao aumento da mortalidade de colmeias. Neste momento grandes propriedades citrícolas utilizavam a avião agrícola como metodologia de aplicação rápida e com eficiência para atingir o topo da copa das plantas, enquanto o meio cientifico comprovava a alta sensibilidade destes insetos polinizadores aos grupos químicos fenil pirazol e neonicotinoides.

Como visto o cenário era difícil, mas havia esforços de todos os lados para que São Paulo não perdesse o título de maior produtor de citros do mundo.

Por Luciano Melo e Maurício Rotundo

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