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10/09/2007

Circovirose Suína: Respostas práticas

Atualizado em 10/09/2007 às 00h00

Circovirose Suína: Respostas práticas

O que é a circovirose suína?

É uma doença causada por um vírus, o circovírus suíno PCV tipo 2, da família Circoviridae, um dos menores organismos (vírus) que acometem animais domésticos. É altamente contagioso, resistente ao ambiente e praticamente imune à maioria dos desinfetantes convencionais. É uma doença, que ataca o sistema imunológico dos suídeos e facilita a entrada de outras enfermidades e causa significativa de mortalidade e alto índice de refugagem entre leitões. Foi diagnosticada em 1990 no Canadá. No Brasil, o primeiro diagnóstico foi feito em 2000, pela EMBRAPA/CNPSA, em Santa Catarina.

Quais os sintomas da doença?

Atinge principalmente suínos após o desmame, a partir da 6.ª semana de vida. Clinicamente observa-se retardo no crescimento, anemia e icterícia, podendo evoluir para a morte. É também conhecida pelo nome de “Síndrome da Refugagem” ou “Síndrome multisistêmica do definhamento do leitão desmamado” “PMWS” (postweaning multisystemic wasting syndrome), pelo fato dos animais cometidos ou morrem ou ficarem pequenos e fora do padrão de peso para a idade, devido ao ataque de várias bactérias oportunistas, tornando o suíno acometido, um doente crônico. O quadro clínico se caracterizar por dermatite e nefropatia, distúrbios reprodutivos como abortos, e pneumonias, enterites, doenças do sistema nervoso tais como meningoencefalite e tremores congênitos.

O que acontece com o animal acometido?

O animal pode morrer dentro de um período variável, dependendo da doença oportunista que o acometer, embora não seja uma doença muito letal (entre 6% e 8% dos animais infectados chegam a morrer) ela provoca verdadeira revolução na compreensão do funcionamento do sistema imunológico dos suínos.

Em que época do ano a doença ataca mais?

Não tem época de predileção, embora haja maior incidência na época do frio, pelo estreito contato entre os suínos para se aquecerem.

A doença é comum no país e no estado de São Paulo?

Está difundida pelo país principalmente nos Estados do Sul e Sudeste, que possuem grande concentração de suínos. Existe nos plantéis de suínos do estado de São Paulo.

Quais são os prejuízos para os suinocultores?

No Brasil, ainda não há estimativa oficial sobre o impacto da doença. Mas é uma realidade para integradores, sanitaristas, técnicos e suinocultores das principais regiões produtoras do pais, que a doença se espalha pelos plantéis de suínos, causando bastante prejuízos. Na Europa, causou prejuízos de cerca de 600 milhões de euros, em 2006.

A circovirose suína traz algum risco para o ser humano?

Não. A doença não é uma zoonose (não é transmitida para o ser humano). É uma doença imunossupressora, que debilita o sistema imunológico apenas do suíno. Não existe risco algum para o ser humano, nem no contato com o suíno e nem consumindo a sua carne, que por sinal é a carne mais consumida mundialmente e uma das mais saborosas.

Há tratamento para a circovirose suína?

Não existe tratamento específico. Terapeuticamente combate-se as infecções secundárias. A vacinação das matrizes confere imunidade aos leitões, via colostro. As marrãs (porcas primíparas) devem ser imunizadas antes do acasalamento ou inseminação, com dose de reforço no primeiro parto e a cada parição, recomendação também válida para matrizes. Está sendo lançado no Brasil a primeira vacina comercial (a Circovac, fabricada pela Merial Saúde Animal), que já demonstrou eficácia em mais de 80 milhões de leitões vacinados no Canadá e na Europa. Existe também as vacinas autógenas, produzidas por laboratórios particulares a partir de amostras virais coletadas na própria granja. As regras de manejo devem ser realizadas para um maior sucesso no controle da doença.

Como prevenir a circovirose suína?

O controle pode ser realizado com a observação dos postulados de Madec - conjunto de medidas de biossegurança para diminuir a persistência do vírus e estimular a resposta imunológica dos animais:

Limitar o contato suíno a suíno: evitar propagação da doença; evitar contato nariz/nariz entre baias; não misturar leitegadas diferentes na maternidade; evitar misturas pós desmame; remover os animais doentes para baias separadas;

Estresse deve ser evitado: evitar mistura de lotes; reduzir densidade de animais/baia; livre acesso à bebedouros e comedouros; temperatura ambiente controlada; ventilação controlada; eliminar manejos traumáticos; realizar as vacinações corretamente;

Boa higiene: usar o sistema all in/all out (todos dentro/todos fora); desinfetar as instalações; desinfetante com boa eficácia contra vírus; promover uma rigorosa limpeza da granja; cuidar da desinfecção de seringas, agulhas, tesouras, etc.; eliminar os animais mortos; fazer vazio sanitário correto; evitar o trânsito de pessoas entre galpões; visitas proibidas; limitar acesso de veículos à granja; controle de ratos, pássaros e insetos (moscas); usar desinfetantes na entrada da granja e galpões;

Boa nutrição: é importante na formação de anticorpos; leitões ter acesso ao colostro; rações de qualidade comprovada; bons níveis nutricionais; uso na ração de minerais orgânicos; ingredientes na ração de boa digestibilidade; uso de antioxidantes e ácidos orgânicos na controlada; controlar as micotoxinas na ração.

Além disso, podem ser usados suplementos nutricionais nutracêuticos, antibióticos bactericidas.

- Méd. Vet. Silvio Roberto Thimoteo Borges - Gerente do Programa de Sanidade Suídea do Estado de São Paulo/Secretaria de Agricultura e Abastecimento/Coordenadoria de Defesa Agropecuária.

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