Para controlar a infestação da mosca-dos-estábulos, técnicos da Cati e da Defesa são capacitados, em Jaboticabal
Para controlar a infestação da mosca-dos-estábulos, técnicos da Cati e da Defesa são capacitados, em Jaboticabal
Com o objetivo de controlar a infestação da mosca-dos-estábulos no rebanho paulista, a Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo capacitou cerca de 120 técnicos das Coordenadorias de Assistência Técnica Integral (Cati) e de Defesa Agropecuária, sobre o Programa de controle e prevenção de surtos do inseto, que se alimenta do sangue de animais e tem provocado danos à população e à atividade pecuária paulista, na tarde desta terça-feira (12), em Jaboticabal.
O programa foi estabelecido devido ao aumento de surtos no Estado, principalmente em áreas próximas às usinas, devido ao acúmulo de matéria orgânica vegetal, como a vinhaça e a palha da cana-de-açúcar, combinado ao manejo inadequado de restos de alimentos e dejetos de animais nas propriedades.
A Resolução SAA n°38, publicada no Diário Oficial do Estado (DOE) dá sequência às ações realizadas por um Grupo de Trabalho da Secretaria, como estudos para detectar as causas da praga, a realização de treinamentos técnicos para melhorar o manejo dos resíduos orgânicos e a autorização da queima profilática da palha da cana-de-açúcar.
O assessor parlamentar da Secretaria, Sérgio Murilo Hermogenes, que representou o secretário Arnaldo Jardim no evento, destacou a indispensável ação integrada entre a extensão rural e a defesa agropecuária proposta pelo programa. “Os técnicos da Secretaria poderão orientar tanto os produtores rurais como as usinas a estabelecer melhores práticas fitossanitárias, mitigando este problema que tem afetado os rebanhos paulistas e prejudicado a pecuária de corte e leite”, pontuou Hermogenes, lembrando que o programa está alinhado às diretrizes do governador Geraldo Alckmin de promover uma agricultura ambientalmente sustentável.
De acordo com o Coordenador da Cati, João Brunelli Júnior, trata-se de um novo desafio para o Estado tratar a educação sanitária no campo. “Estamos saindo na frente ao mapearmos os focos de infestação. Essa ação integrada entre os órgãos da Secretaria e a cadeia produtiva é fundamental para buscarmos uma solução que passou a ser de saúde pública”, destacou.
O coordenador de Defesa Agropecuária, Fernando Gomes Buchala, destacou que o trabalho de controle da mosca-dos-estábulos envolve conceitos de saúde animal, ambiental e pública e que o programa trará uma visão panorâmica para essa mudança de paradigma no controle sanitário no País. “Mas para isso, precisamos capacitar nossos técnicos de extensão rural e de defesa agropecuária para controlar essa infestação”, complementou.
De acordo com o dirigente da Assessoria Técnica da Pasta, José Luiz Fontes, o produtor que detectar a incidência de surto da mosca em sua propriedade deverá comunicar imediatamente os técnicos da Casa da Agricultura de seu município. “O profissional da Secretaria analisará as possíveis causas do surto de moscas, inclusive o entorno da propriedade. Ele também será responsável por informar a situação à Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) e a prefeitura local, bem como as usinas, confinamentos e granjas”, explicou.
Recomendações
Os responsáveis pelas propriedades que contribuem para a proliferação da mosca receberão orientações do técnico da Secretaria sobre as medidas sanitárias. Para eliminar as larvas em propriedades que utilizam a torta de filtro, por exemplo, o produtor deverá revolver o material no mínimo duas vezes por semana para obter um mistura homogênea, delimitar em 1,5 m a altura das leiras e regular o equipamento para revolver a torta de filtro desde o nível do solo.
Já os produtores que utilizam a cama de frango ou outros tipos de adubo orgânico deverão cuidar para que não haja acúmulo de material orgânico ou umidade, revolver o material pelo menos duas vezes ou utilizar lona vedada, aplicar larvicidas adequados para uso em áreas de pecuária e limitar a alturas das leiras.
Os estabelecimentos que geram e utilizam a vinhaça, como no caso das usinas, também serão orientados a tomar as seguintes práticas para evitar a proliferação: suspender a aplicação de vinhaça em locais encharcados por chuvas ou prévias aplicações do material, eliminar as poças no período máximo de 48 horas, por meio de escarificação do solo ou outro método e aplicar cal ou calcário nos locais onde ocorreram os empoçamentos.
As propriedades situadas em áreas com possibilidade de incidência da mosca-dos-estábulos também deverão seguir as orientações determinadas na resolução.
Os estabelecimentos deverão evitar aplicação da vinhaça em locais encharcados por chuva ou que já receberam a aplicação antes, reduzir ou fracionar a aplicação para evitar o excesso de umidade e realizar a escarificação e subsolagem da palha antes da aplicação da vinhaça, para obter rápida absorção pelo solo. Há ainda uma série de medidas de limpeza, manutenção e monitoramento dos sistemas de distribuição da vinhaça, discriminadas no Anexo I da resolução.
Para prevenir surtos relacionados ao uso de torta de filtro, cama de frango ou outros adubos orgânicos, é recomendado revolver constantemente os locais de acúmulo dos materiais orgânicos em compostagem, eliminar cama de frango, no raio de 15 quilômetros, de áreas com aplicação de vinhaça e utilizar adubos orgânicos curtidos.
Prevenção
Para evitar novos focos do inseto, a Secretaria orienta os produtores de todas as áreas com atividade pecuária para que tomem algumas precauções. São elas:
- Eliminar o acúmulo de matéria orgânica, principalmente esterco e camas de animais;
- Manejar adequadamente o sistema de “compost barn” e similares;
- Limpeza sistemática de dejetos animais e resíduos alimentares;
- Evitar o acúmulo de umidade próximo a locais de armazenamento de resíduos e dejetos;
- Realizar a drenagem do terreno;
- Eliminar o vazamento nos bebedouros e reservatórios de água, utilizar armadilhas e outros métodos para controle; e
- Manter as áreas sempre limpas, evitando o acúmulo de fezes e urina nos estábulos.
Por: Paulo Prendes