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08/10/2020

Pesquisadores do IB e do IAC estudam o uso de drones na aplicação de fungos para o controle dos carrapatos estrela e do boi

Atualizado em 08/10/2020 às 00h00

Pesquisadores do IB e do IAC estudam o uso de drones na aplicação de fungos para o controle dos carrapatos estrela e do boi

A Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, por meio do Instituto Biológico (IB-APTA), desenvolve pesquisa para controle do carrapato-estrela e carrapato-do-boi utilizando controle biológico. A estratégia dos pesquisadores é utilizar uma cepa de fungo selecionado pelo Instituto, chamada IBCB 425, que se mostrou eficiente para o controle desses carrapatos em grandes áreas, como gramados, parques públicos e fazendas, por exemplo. Pesquisadores do IB e do Instituto Agronômico (IAC-APTA) estudam utilizar drones para fazer a aplicação do produto.

O carrapato-estrela é um grande problema, por ser causador da febre maculosa, doença que contaminou 823 pessoas no Estado de São Paulo de 2007 a 2019, segundo o Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan Net). Já o carrapato-do-boi traz enormes prejuízos para a pecuária, estimados em mais de um bilhão de dólares no Brasil, anualmente.

Segundo a pesquisadora do IB, Marcia Mendes, a estratégia dos especialistas é usar o fungo Metarhizium anisopliae (IBCB 425) amplamente utilizada para controle da cigarrinha-da-raiz na cana-de-açúcar, para controlar larvas, ninfas e adultos de carrapatos-estrela e do boi no ambiente em que ficam as capivaras e os bovinos, respectivamente.

“Estamos padronizando a aplicação em áreas de parques e fazendas utilizando drones, cedidos pelo CEO, Nei Brasil, da empresa VOA, o que facilitaria muito o trabalho dos gestores públicos, no caso da febre maculosa, e dos produtores rurais, no caso do carrapato-do-boi”, explica Marcia, que desenvolve pesquisa em conjunto com os pesquisadores do IB, Fernanda Calvo Duarte e Leonardo Costa Fiorini.

Os testes de padronização do uso de drones estão sendo realizados no Centro de Engenharia e Automação do Instituto Agronômico (IAC-APTA), em Jundiaí, com o pesquisador Hamilton Humberto Ramos. A iniciativa conta com a colaboração dos pesquisadores Susi Leite e Hannes Fischer da FATEC Pompeia – Shunji Nishimura.

De acordo com Marcia, o Metarhizium anisopliae se mostrou eficaz para o controle da fase adulta, ninfa e de larva do carrapato-estrela. “Nossos estudos mostram que na fase de chuvas, o fungo selecionado pelo IB é ainda mais eficiente. Na época da seca, ele foi um pouco menos eficaz, mas ainda bastante promissor”, afirma. Os testes do IB foram realizados nos municípios de Salto e Pirassununga e agora em Jundiaí.

No caso dos bois, o experimento com aplicação da cepa do IB no pasto está na fase final e tem mostrado eficiência no controle do carrapato dos bovinos. “Os carrapatos parasitam nos bovinos e depois de 21 dias vão para o solo, onde colocam cerca de três mil ovos, que em 15 dias virarão larvas. Desta forma, é importante a estratégia de controle desses carrapatos no pasto, para quebrar o ciclo e reduzir a infestação. O uso do controle biológico, porém, não impedem a utilização de remédios nos animais. Há uma complementação de esforços”, diz Marcia. Os estudos do Instituto estão sendo conduzidos em Pindamonhangaba, com a participação do pesquisador José Roberto Pereira.

Benefícios

A pesquisadora explica que o uso do inimigo natural para o controle dos carrapatos traz grandes benefícios. Isso porque pode reduzir ou até mesmo eliminar o uso de produtos químicos, o que traz vantagens para a sustentabilidade ambiental e para a saúde dos trabalhadores.

“Além disso, o uso inadequado de produtos químicos para o controle do carrapato do boi, por exemplo, pode causar intoxicação dos animais. Atendemos recentemente um produtor que acabou aplicando um produto não indicado para vacas prenhas, o que causou a morte dos animais”, conta a pesquisadora do IB.

As pesquisas para o uso da IBCB 425 no controle de carrapato estrela e do boi ainda não foram concluídas. O IB solicitou pedido ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) para liberação dos produtos naturais para essa finalidade. Somente após essa liberação do Ministério, os produtores e gestores poderão fazer o uso desse produto.

Controle biológico

O controle biológico consiste no uso de inimigos naturais para diminuir a população de uma praga. Resumidamente, pode ser definido como natureza controlando natureza. Os agentes de controle biológico agem em um alvo específico, não deixam resíduos nos alimentos, são seguros para o trabalhador rural, protegem a biodiversidade e preservam os polinizadores.

Referência no Brasil e no mundo em controle biológico, o IB tem forte atuação junto ao setor produtivo tendo orientado a criação e manutenção das biofábricas, que desenvolvem esses produtos biológicos para serem aplicados nas lavouras. Ao todo, mais de 80 biofábricas de todo o Brasil recebem orientação dos pesquisadores do IB. Em 2019, o Instituto assinou 23 contratos para transferência de tecnologia a essas empresas, localizadas em São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso e Paraná.

O IB mantém o Programa de Inovação e Transferência de Tecnologia em Controle Biológico (Probio), que reúne as tecnologias e serviços prestados no Instituto, principalmente para as culturas da cana-de-açúcar, soja, banana, seringueira, flores, morango, feijão e hortaliças.

Assessoria Comunicação/Secretaria de Agricultura

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