Secretaria de Agricultura de SP mantém maior acervo de fungos e oomicetos do Brasil na área de doenças dos citros
Secretaria de Agricultura de SP mantém maior acervo de fungos e oomicetos do Brasil na área de doenças dos citros
Coleção mantida pelo IB contribui na solução de importantes problemas fitossanitários da agricultura paulista e brasileira
Você sabe o que é uma micoteca e o que ela tem a ver com o seu suco de laranja? Sabia que o Instituto Biológico (IB-APTA), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, mantém a maior e mais importante coleção de fungos e oomicetos que causam doenças em citros no Brasil, uma das principais culturas em valor da produção em São Paulo?
Micotecas são coleções de culturas de fungos. Segundo o pesquisador do IB, Eduardo Feichtenberger, elas são fundamentais para o desenvolvimento de pesquisas cientificas em várias áreas, como na agrícola. A partir dos fungos isolados e mantidos nesses locais é possível reduzir o tempo de pesquisas realizadas com esses organismos, como no desenvolvimento ou na seleção de plantas resistentes às doenças que eles provocam, por exemplo, na citricultura, de plantas mais tolerantes às doenças gomose de Phytophthora, pinta preta e mancha marrom de Alternaria.
Os fungos mantidos nessas coleções podem ser usados ainda em estudos para melhorar o conhecimento das doenças que causam e do seu controle, com a avaliação da eficácia de novos defensivos agrícolas e suas metodologias de aplicação, o controle biológico com a seleção dos melhores antagonistas ou inimigos naturais e das modalidades de seu uso, além de outras estratégias de controle dessas doenças.
Culturas da coleção do Instituto Biológico, localizada na Unidade de Sorocaba, já foram usadas na realização de pesquisas que resultaram na publicação de mais de 130 trabalhos, incluindo artigos científicos, teses de doutorado e dissertações de mestrado. Esse importante acervo é compartilhado com diversas instituições de pesquisa do País e do exterior, o que contribui para ampliar o desenvolvimento científico da fitopatologia e de todo o setor de produção do agronegócio brasileiro.
“A micoteca “Dra. Victoria Rossetti” do IB apresenta coleções de culturas não só de fungos, mas também de oomicetos, principalmente aqueles do gênero Phytophthora. microrganismos muito semelhantes aos fungos e que também causam doenças em diversas plantas de interesse econômico, dentre elas as cítricas. Muitos espécimes da micoteca já foram utilizados na condução de projetos de pesquisa que contribuíram na solução de importantes problemas fitossanitários da agricultura paulista e brasileira”, explica o pesquisador.
Antes da inclusão dos fungos e oomicetos nas coleções e da sua preservação em ambientes controlados da micoteca, os pesquisadores do IB fazem todo um trabalho de obtenção, identificação, caracterização genética e avaliação da patogenicidade desses organismos para saber a sua origem e o seu grau de severidade, por exemplo. Essas informações ajudam os pesquisadores no momento de desenvolver seus estudos, tornando as pesquisas mais céleres. “Quando um pesquisador nos solicita uma cultura da coleção, ele recebe todas as informações disponíveis daquele fungo ou oomiceto, o que permitirá pular esta etapa inicial do seu projeto de pesquisa, já podendo utilizar esse organismo, por exemplo, nas plantas que estão sendo avaliadas”, afirma Feichtenberger.
O pesquisador explica que espécimes da micoteca estão sendo utilizados em vários projetos de pesquisa em andamento, envolvendo colaborações do IB com outras instituições de pesquisa do País como o Instituto Agronômico (IAC), a Escola Superior de Agricultura \"Luiz de Queiroz\" (Esalq-USP), o Fundecitrus e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).
Em um projeto em colaboração com o Fundecitrus e a Embrapa, isolados de Phytophthora da micoteca do IB estão sendo utilizados na avaliação de porta-enxertos de citros, objetivando selecionar plantas mais resistentes ou tolerantes à doença gomose de Phytophthora. “Ser resistente ou tolerante a alguma doença é importante, pois isso vai também impactar no menor uso de defensivos agrícolas, contribuindo para tornar a produção mais sustentável do ponto de vista ambiental\", explica o pesquisador.
Em outro projeto de pesquisa em colaboração com o Centro de Citricultura \"Sylvio Moreira\", do IAC, isolados de Phytophthora da coleção do IB vêm sendo utilizados em estudos visando o manejo desta mesma doença. Em pesquisa em colaboração com a Esalq, isolados da micoteca foram incluídos para selecionar plantas de abacateiro mais tolerantes à gomose e às podridões de raízes provocadas por Phytophthora cinnamomi, a principal doença do abacateiro no País.
IB mantém o mais importante acervo do Brasil de fungos e oomicetos (Phytophthora) que causam doenças em citros
O pesquisador do IB explica que a micoteca foi iniciada em 1987 e seu nome foi dado em homenagem à doutora Victoria Rossetti, eminente pesquisadora do Instituto, que muito contribuiu para o desenvolvimento da patologia dos citros no País e no exterior. “Muito embora o nome micoteca seja dado a coleções de culturas de fungos, a do IB também abriga oomicetos do gênero Phytophthora. Esses microrganismos são semelhantes aos fungos e causam doenças em muitas plantas. Quando a micoteca do IB foi criada, eles eram considerados como fungos, mas foram depois deslocados para outro grupo taxonômico denominado Oomycota”, explica Feichtenberger.
Apesar da forte atuação na área citrícola, a micoteca “Victoria Rossetti” do IB também mantém culturas de Phytophthora de outros hospedeiros, principalmente fruteiras como abacate e mamão, além de algumas plantas ornamentais. O acervo é formado hoje por mais de duas mil culturas puras de fungos e oomicetos, das quais mais de 1.600 foram obtidas de plantas cítricas e mais de 390 culturas de Phytophthora obtidas de outros hospedeiros, principalmente plantas frutíferas e ornamentais.
A preservação dos organismos na coleção é feita por meio do armazenamento em papel de filtro seco e congelado em freezers, no caso dos fungos, e em água destilada deionizada à baixa temperatura, no caso das culturas de Phytophthora.
Por Assessoria Comunicação/Secretaria de Agricultura