Sanidade - Secretaria de Agricultura recebe missão da Etiópia e apresenta ações focadas em saúde única
Ocorreu esta semana de segunda-feira (10) até quinta (13), uma missão de intercâmbio de conhecimento em que a Secretaria de Agricultura e Abastecimento (SAA) por meio de sua Coordenadoria de Defesa Agropecuária (CDA) e de sua Coordenadoria de Assistência Técnica Integrada (CATI), recebeu uma comitiva da Etiópia para abordar ações em saúde única. A missão faz parte do Projeto Resiliência de Meios de Subsistência nas Terras Baixas da Etiópia (LLRP II) e busca promover a troca de experiências e melhores práticas entre o país e o Estado de São Paulo. A ação, intersecretarial, envolveu, além da SAA, as secretarias de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística (SEMIL) e de Saúde.
A delegação do país africano contou com participantes do Ministério da Irrigação e Terras Baixas, além de equipe técnica da segunda fase do projeto (LLRP II) e especialistas em agricultura do Banco Mundial. O planejamento das atividades no Estado de São Paulo visou auxiliar os visitantes na operacionalização de abordagens em saúde única em seu país de origem.
Na programação, um extenso cronograma de visitas em locais específicos do Estado com ênfase em ações de saúde única. A missão teve início no município de Praia Grande com visita técnica e apresentação do Instituto Biopesca na parte da manhã, enquanto no período da tarde, a delegação conheceu, mediante apresentação conjunta entre a Defesa Agropecuária, SEMIL e Secretaria da Saúde, as ações integradas para o controle da Influenza Aviária no litoral paulista. As apresentações aconteceram na sede da Ayuká. As instituições visitadas são parceiras importantes na realização da vigilância para Influenza Aviária de Alta Patogenicidade no litoral paulista.
Instituto Biopesca, na Praia Grande, foi o primeiro compromisso da delegação
NA terça-feira (11), a delegação esteve na capital em reunião com representantes das três secretarias na sede da SAA, onde conheceu o Plano Estadual de Educação e Comunicação Social em Saúde Única e o Plano Estadual de Adaptação e Resiliência Climática (PEARC), planos que integram as três secretarias para articular as ações de uma só saúde, considerando a integração do homem, animais, vegetais e meio ambiente.
Na ocasião, o secretário de Agricultura, Guilherme Piai, afirmou que a Pasta, por meio dos técnicos dos institutos, ligados à SAA, possuem muita expertise no âmbito da agricultura, trabalhando em prol dos produtores rurais do Estado. “A vinda da comitiva para o Brasil é uma grande oportunidade para troca de experiências e o governo de São Paulo está à disposição para transferir conhecimento para o país africano”, ressaltou.
Ainda na terça-feira, a comitiva africana apresentou as características de seu país e as expectativas para adquirir conhecimento sobre a integração e articulação das áreas para desenvolver as ações de saúde única em seu país, além de reuniram-se com as lideranças das pastas.
Na quarta-feira (12), a comitiva se dirigiu para o município de Campinas, onde no período da manhã, foram recebidos no salão azul da Prefeitura Municipal pelo Prefeito Dario Saad e pelo secretário de clima, meio ambiente e sustentabilidade, Rogério Menezes e seus diretores que transferiram informações a respeito do Siss Geo, ferramenta de monitoramento e planejamento de ações em saúde única, sobre a esterilização de capivaras em parques públicos como uma medida de prevenção à febre maculosa e sobre o Plano de Resiliência local, tido como referência nacional.
Na Prefeitura de Campinas, comitiva conheceu os trabalhos desenvolvidos a nível municipal
Já no período da tarde, ainda em Campinas, a missão teve agenda na sede da Defesa Agropecuária onde conheceram as ações executadas pela Coordenadoria através dos seus programas estaduais de Controle e Erradicação de Brucelose e Tuberculose, de Controle da Raiva dos Herbívoros e sobre o Plano Integrado de Doenças dos Suínos.
Técnicos da Defesa Agropecuária apresentaram ações em sanidade animal e saúde única desenvolvidos no Estado
Após encontro com a comitiva, o secretário executivo da Agricultura e Abastecimento de São Paulo, Edson Fernandes, reiterou a parceria entre o Estado e o País, na transferência de conhecimentos técnicos. “Nossos melhores resultados em práticas agrícolas estão a disposição para contribuir para o crescimento do agro da Etiópia. Durante a visita, a comitiva pode ver de perto o trabalho realizado dentro dos nossos institutos”, afirmou.
No último dia de atividades, na Capital, a missão foi recebida pela manhã no Instituto Butantan onde foram discutidos importantes pontos sobre a produção de soro antiofídico e vacinas, além da possibilidade de fornecimento destes produtos para a Etiópia. Ainda conheceram o museu da vacina e o serpentário da instituição.
Direção do Butantan recebeu a comitiva no último dia de atividades
Etíopes conheceram as instalações do Instituto, incluindo o serpentário
No período da tarde, o destino foi o Insitituto Biológico (IB) também da SAA. No local, a comitiva conheceu o instituto, as pesquisas e atividades desenvolvidas em saúde única pelo IB com foco nas zoonoses. Na ocasião, técnicos puderam apresentar um projeto realizado para a Guiné Bissau com a idealização de containers com laboratórios móveis para realização de exames para diagnóstico de doenças infecciosas nos animais de produção e as pesquisas desenvolvidas com variedades de mandioca e batatas doces vitaminadas pela Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), através do seu Instituto Agronômico (IAC).
Ana Eugênia, diretora do Instituto Biológico, recebeu a comitiva e apresentou trabalhos desenvolvidos
Para o ministro da irrigação da Etiópia, Endrias Beldeda, a visita não poderia ser mais oportuna, uma vez que, segundo ele, o Brasil tem inúmeros fatores semelhantes à Etiópia. “Na Etiópia temos coisas muito parecidas com o Brasil. Somos países tropicais, produzimos muitos produtos parecidos e temos as mesmas espécies na pecuária”, destacou.
“O propósito da visita é aprender do Brasil sobre como o país implementou a coordenação para o desenvolvimento holístico do setor de saúde única para prever a Influenza Aviária. Ficamos impressionado como tudo é bem organizado e estabelecido para proteger as aves domésticas de doenças que podem ser transmitidas por pássaros selvagens”, comemorou Endrias.
“Dessa forma, aprendemos muito, inclusive que para manter a saúde dos rebanhos, é preciso ir além das fazendas. O Brasil tem uma excelente experiência na prevenção de zoonoses e o conhecimento de ponta que pode ser transferida para a Etiópia”, almejou o ministro.
“A experiência foi enriquecedora e foi gratificante poder contribuir com informações sobre nossas ações que podem servir de base para o desenvolvimento da saúde única na Etiópia. A comitiva teve oportunidade de esclarecer muitas dúvidas e trocar experiências sobre as formas de produção e de controle de doenças”, acrescenta Maria Carolina Guido, diretora do Departamento de Capacitação e Educação em Saúde Única da Defesa Agropecuária.
Saúde Única
Saúde Única (One Health) é um conceito estabelecido pela Organização Mundial de Saúde (OMS), Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA) e Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), que representa uma visão integrada ente a saúde humana, saúde animal e saúde ambiental, considerando-as indissociáveis, reconhecendo que existe um vínculo muito estreito entre o ambiente, as doenças em animais e a saúde humana.
As interações ecológicas entre humanos e animais acontecem em diversos ambientes e de diferentes maneiras. Essas interações podem ser responsáveis pela transmissão de doenças entre homens e animais, as chamadas zoonoses.
De acordo com a OIE, cerca de 60% das doenças humanas tem em seu ciclo a participação de animais, portanto, são zoonoticas, assim como 70% das doenças emergentes e reemergentes.
Por Felipe Nunes
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